12.05.2008

Boas Novas

Recentemente no jornal New York Times, publicaram a notícia de que cerca de 6.7% da massa trabalhadora americana está sem emprego. Economistas apontam para uma subida a curto-prazo até aos 8 a 9% do desemprego ainda no início do ano 2009. Será, em várias décadas, a primeira vez que existem tantos desempregados nos E.U.A. e muitos mais estão para vir.

De certo modo pode parecer insignificante mencionar este tipo de notícias, até que vemos que estes recentes despedimentos e perdas de emprego já se estão a reflectir na Europa, nomeadamente na Indústria Automóvel.

De seguida, já se mostram indícios de que o mundo artístico já começa a sofrer. A indústria que estou a falar é a do Cinema, neste caso, Hollywood.
Têm aparecido notícias de que algumas produtoras independentes de menor recursos financeiros, já se viram obrigados a retirar fundos a certos pequenos estúdios, e a se recusarem a aceitarem aplicações de trabalho; aliás até grandes produtoras norte-americanas como New Line Cinema ou a Paramount Pictures se viram obrigadas a começar a cortar fundos para determinados departamentos criativos.

E vocês dizem: "Isto é muito interessante, mas onde afecta a minha felicidade?". Não afecta têm razão, mas agora partilho algo que descobri embora já tivesse ideia de que isto cá neste glorioso País, estivesse a dirigir para o mesmo caminho.

Estive à conversa com um conhecido que está dar um Workshop de Técnicas de Som; esta pessoa em questão trabalha para a SIC, num estúdio de Som que trata maioritáriamente de trabalhar em banda sonora de documentários e reportagens do canal em questão, e de fazer o Som de várias peças, seja gravando música, seja tendo actores a gravar voz em estúdio, ou simplesmente a fazer a mistura final de qualquer tipo de peças que lhes apareça à frente. Nessa conversa inquiri sobre como o canal, ou o estúdio, pensa ou tenta em arranjar jovens que estão interessados em fazer uma carreira e estejam interessados em trabalhar em Som e aprender os vários ofícios da profissão (e são muitos), o dito conhecido disse que de momento não podem arriscar a arranjar emprego ou estágio seja a quem for que já não tenha uns bons anos de experiência em trabalho de estúdio, e tudo por uma razão, os "Homens de Fato" do canal não querem arriscar a formar novas pessoas, pois o dinheiro já é pouco e não podem ter prejuízo.

Cinema em si, e qualquer tipo de trabalho que se aproxime da àrea como a televisão, é uma indústria (em Portugal) elitista, e com isto, não se quer dizer que só os maiores conseguem trabalhar nela, não; aliás cá, a maioria dos que trabalham nela nem estão talhados para esse trabalho, e com o crescer da incompetência neste e outros empregos que façam parte de uma indústria pequena, não se pode culpar a industria por se querer proteger a ela própria, e minimizar custos de risco. Querem um conselho? Começem a tentar candidatar-se a Erasmus, todos aqueles que querem vingar nesta Arte, mas infelizmente como sabem, só um pequeno número de à volta de cinco pessoas por ano, se pode dar ao luxo de sair daqui e arranjar melhores oportunidades. Quem já fez Erasmus que vos diga que a experencia é muito mais enriquecedora em meio ano, do que três anos por cá, e quando digo enriquecedora, especificamente refiro-me ao nível de aprendizagem técnica/prática.

Descendo à terra, reparamos que hoje em dia, para nós que estamos interessados em de alguma maneira entrar no mercado de trabalho, seja de que maneira for, as coisas nos próximos tempos, vão começar a tornar-se mais difíceis, e as oportunidades estão a começar a escassear. Querem comida no prato? Não se metam em Arte (Cinema incluído óbviamente) o mais certo é passarem um bom tempo na rua a tentar vender pinturas para comerem uma sopa quente, num futuro próximo. Infelizmente em cinema, não podemos ir vender o nosso conhecimento e talento na rua. Além disso, está frio lá fora.

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